22 de jan. de 2014

Flores outonais do nosso cérebro

Por: Eliana Rezende
Tempos atrás lia sobre como o cérebro de meia-idade pode ganhar habilidade surpreendentes conforme envelhecemos, mas isso não ocorre para todos.
Apesar disso, uma ressalva: só quem sempre manteve hábitos saudáveis e vida intelectual ativa conseguem essa tão desejada superativação.

O cérebro parece escolher dar menos atenção ao lado ruim da vida. 
Há nisso mais inteligência e sabedoria do que um cérebro jovem talvez seja capaz de perceber.
Acho fantástica essa perspectiva que a vida, o tempo, nossos neurônios e toda essa composição podem oferecer a nosso intelecto e a nossa essência.

Outono em Madri
O tema sempre encontra eco: até porque todos os que se mantém com atividades sentem essa forma que a vida encontra para dar-nos dias ao mesmo tempo em que o intelecto deixa de competir com o físico, e descobrimos que apesar das marcas da vida, a sabedoria dos anos nos faz bem melhores. 
Dá-nos um certo apaziguamento da alma saber que crescer em anos não significa necessariamente perder!
Esse raciocínio nos dá uma outra perspectiva de vida: afinal, vivemos em um mundo tão voltado para o exterior e para as aparência que imaginar que os anos nos trarão maiores e melhores condições de nos relacionarmos com nossas idéias parece ser mesmo uma grande vantagem.

No decurso de minha experiência profissional, lidando muitas vezes com a coleta de depoimentos, recebo inúmeros relatos de pessoas que se sentem aos 60, 70, 80 e até 90 anos com mais vigor mental e intelectual do que em anos anteriores de suas existências.
A juventude, por mais irônico que pareça, traz mais sobressaltos e inquietações.



Em geral muitos descobrem que a escrita nesse momento da existência e a agilidade de idéias encontra poder criativo: a alma liberta-se e todos ganham. 
Fantástico ter a exata noção de que, tal como um músculo, o cérebro quando exercitado, nunca deixa de responder.
São de fato, os artifícios que o tempo e a existência nos oferecem e brindam.
De tudo, o que sei é que importa bem pouco qual seja o artificio dos neurônios em festa e confraternização outonal: o que conta mesmo é que não estejam em fuga como tantos profetizavam.

Com isso as passagens das cifras numéricas que insistimos em chamar de anos sejam apenas e tão somente cifras, e para o bem de todos descobrimos que é bom "ler" o mundo com todos os nossos neurônios mais maduros e sensíveis.

São as flores e frutos do outono de nossas existências!

Oxalá seja sempre assim!


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21 comentários:

  1. Belo texto, muito incentivador. Parabéns e obrigado! ;)

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    1. Olá Sérgio...
      Importante pensar o tempo não como uma caminho de perdas!
      Pode e deve ser um caminho de libertação: já que maduros deixamos as inseguranças e inexperiências próprias da juventude para trás.
      Ganhamos a possibilidade de liarmos experiência com ação. E isso cá entre nós é o caminho de alargarmos o espírito!
      Abs

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  2. Un texto lleno de sensibilidad que sabes aportar a un tema científico y por tanto tantas veces divulgado con la frialdad de conexiones electroquímicas, procesos biológicos como es la actividad de la mente, Como bien dices las investigaciones que las neurociencias han desarrollado llevan a concluir que no necesariamente tiene que ir menguando nuestra memoria con la edad. Según parece y tu sabrás. lo que sucede es que con los años el cerebro desarrolla sus funciones más lentamente, pero no pierde capacidad cognitiva, quitando que se tenga una enfermedad degenerativa o se haya padecido un accidente cerebral: ictus. Pero eso sí hay que ir cultivando esas facultad memorística y a la vez hacer ejercicio. El famoso adagio clásico in mente sana, corpore sano. Tal como remarcas al inicio de tu bonito texto. Lo malo es que muchas veces no lo ponemos en práctica por pereza, falta de hábito o por que el ritmo de vida que nos exige la productividad no nos deja. Pero lo sabio, y los sabios lo hacen (yo lo he comprobado), sí que saben atender al cuerpo y a la mente.

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    1. Ola Jaume...
      Grata por tua apreciação.
      O tema me interessa muito exatamente devido aos meus trabalhos com a Memória e a História.
      Uma sociedade que luta todo o tempo para manter a juventude lida mal com a passagem do tempo.
      O que quis mostrar com o post é exatamente o quanto o tempo e a experiência podem trazer e somar ao invés de subtrair.
      Se soubermos alimentar nosso cérebro com certeza os anos apenas e tão somente trarão cada vez mais libertação para criar.
      Abs e continue a aparecer e comentar: é um prazer!

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  3. Yo soy un poco más bruto, Jaume. Me sigo acordando de aquél: "más sabe el diablo por viejo, que por diablo" y de hecho lo hé usado (literalmente) para abrir una presentación del proyecto de gestión de conocimiento aún cuando estudiava. Defendia (y lo continúo haciendo...) que el pasar del tiempo te aporta con instrumentos que la teoria, por si sola, no te dá. La experiencia es maestra de muchos quehaceres y nos regala, si le ponemos sentido, con detalles que no aparecen en los libros.

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    1. Olá Lionel...
      Concordo muito com vc!
      Creio que é aí que a palavra experiência ganha sentido, significado.
      Quanto mais somos capazes de alimentar nossos anos com nossas experiências e ações, mas conseguiremos alçar vôos.
      Abs e muito grata por tua contribuição

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  4. Lindo seu texto...imagino vc inspirrada escrevendo tudo isto! um lindo dia pra vc! Abação!

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    1. Olá Poly...
      Obrigada pelo incentivo!
      Afinal, quem escreve sempre quer alguém que o leia.
      Creio que a grande inspiração é mesmo a contemplação da vida e a passagem dos anos: muito bom perceber que ao passarem por nós podem nos fazer muito melhores!
      Bjs

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  5. Eliana obrigado por mais uma vez trazer um texto maravilhoso para reflexão.
    Parabéns!

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    1. Olá Jacqueline...
      Obrigada!
      A ideia é exatamente instigar e movimentar todos a ler e pensar temas que importam a todos.
      Abs e fico te esperando para outros temas que certamente virão

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  6. Precioso Eliana, quizás debas pensar en convertirte en escritora y editar un libro!!

    Felicidades y abrazos "invernales" desde España!!

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    1. Olá Víctor...
      Bondade e generosidade tua.
      Não sou escritora! Apenas gosta da musicalidade e entonação que estas podem ter ao mesmo tempo em que comunicam sentido.
      Já há anos vários amigos e conhecidos me incentivam a escrever um livro desse gênero. Sempre resisti. Continuava firma apenas na escrita acadêmica e cientifica.
      O Pensados a Tinta agora é meu primeiro desafio de me expor e rasgar a alma (não inteira....apenas algumas frestas!).
      Seria muito bom poder viver das palavras e com elas brincar e divertir a mim e aos outros...
      Abs tropicais (hoje tivemos 33 graus aqui em Curitiba)

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  7. Olá Eliana, que bonito texto! O Tempo, essa quarta dimensão que nos permite ir e vir no espaço, navegar, flutuar por meio do pensamento. A escrita é sem dúvida um belo exercício de se dar forma a tudo isso. Abraços!

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  8. Olá Adriana...
    Muito obrigada!
    Sim, a escrita é mesmo um meio muito interessante de dar contornos a ideia e sentimentos. Gosto disso!
    E é muito bom qdo encontramos ouvidos atentos.
    Volte sempre: os comentários são ótimos norteadores... nos indicam se estamos no caminho certo!
    Te espero!
    Abs

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  9. Oi querida Mestre,
    muito interessante o seu ponto de vista, pois por muitas vezes as pessoas veêm a meia-idade com pensamentos negativos como: eu não sirvo mais para nada ou não tenho mais idade para isso, enfim são infinitos pensamentos...no entanto o lado positivo dessa fase é linda! imagina criar uma forma de exercitar o cérebro? num mundo em que as pessoas se importam mais com o corpo. O cérebro mostra o quanto a pessoa traz uma bagagem de conhecimentos e história...memórias que não podem ser perdidas...Parabéns por instigar reflexões!!!Beijos

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    1. Olá Andreia....
      Sim, é isso mesmo!
      O repertório que trazemos conosco não envelhece jamais.
      Estamos sempre recriando e renovando: mesmo que sejam ideias antigas, pois o olhar de hj carrega outras experiências que no momento anterior não tinhamos.
      Ter essa perspectiva liberta e mostra que o tempo é mesmo um grande aliado de nossas existência e que o corpo é apenas um invólucro que carrega nosso verdadeiro tesouro.
      Abs

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  10. Admiro as pessoas que têm a capacidade de doar seus conhecimentos. Qualquer que seja a forma de participar, gasta tempo e dedicação.
    Graças a Deus: paira brisa de paz no meu jardim ... como diz a minha linda amiga em seu Blog, repleto de flores outonais.
    Querida Eliana, desejo-lhe MUITO sucesso e GRANDES alegrias em tudo que faz e reparte!! Abraço enorme carinhoso!!
    Teruko Okagawa Monteiro

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    1. Olá Teruko...
      Muito grata pelo enorme carinho!
      A lógica é simples: repartir e compartilhar não é perder é somar o meu com o do próximo.
      Assim a sensação não é de tempo perdido e sim de hs dedicadas a alargar o espirito.
      Que bom que alguns reconhecem isso e sentam-se à mesa para a partilha....
      Abs e volte sempre!

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  11. Eli,parabéns!!!
    Fico feliz,pois vc me inspirou a valorizar cada vez mais o que eu tb sinto - a maturidade nos torna melhores e mais compeltos...

    bjs
    Erica

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  12. OI Érica...
    Opa! Obrigada....
    Acho que o objetivo é mesmo inspirar para inquietar e incentivar a olhar com outros olhos...outros prismas!
    A passagem do tempo pode fazer muito mais do que trazer linhas de expressão: vincam a alma e nos talham. Lapidam para melhorar.
    Abs e volte sempre!

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  13. Olá Eliana... muito bom o texto!! Assim como conhecimento não pode ser pensado em algo estático, o cérebro também não pode ser e estar estático! Ele deve estar sempre em movimento, pensando, raciocinando, ouvindo, observando... enfim... estar em constante movimento e assim as células vão estar sempre renovadas!! Grande abraço!!

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