O cortiço de nossas almas
Por: Eliana Rezende Vez por outra sinto um grande mal estar e algumas perguntas me vem a mente: afinal, quem é que precisa de um deus, um inferno, um céu, um diabo se todos nos habitam no grande cortiço de nossas almas? Nos espreitam, acompanham, se insurgem e nos movimentam sempre e tanto! Mas é interessante como em todas as tradições religiosas são colocados para fora e para além do indivíduo como se longe ou perto significassem domínio sobre as forças do além. O Bem mantido próximo significaria bem aventurança e local certo e garantido num locus que alguns chamam céu, paraíso, mas que significariam perfeição e eternidade. Colocados num futuro ad eternum , o indivíduo passa uma existência barganhando e negociando favores e fazeres. O julgamento ora feito pelos que compartilham a fé em sua imediaticidade, ou um deus onipresente e onisciente põe em xeque princípios mínimos de privacidade: nada escapa aos seus olhos. Do outro lado há o Mal, colocado quase sempre na f