Facebook: robotização e sedentarismo em rede

Por: Eliana Rezende

Transcorridos os anos, o Facebook começa a conhecer o imobilismo criativo.
Festejado em seus primórdios pelas possibilidades e potencialidades de conexão e compartilhamento social, usos dos mais variados, hoje sua plataforma parece ter encontrado em uma década sua senilidade e imobilismo.




E explico:
A experiência da rede tem se mostrado acomodada, acrítica, extremamente passiva e muitas vezes simplória. Seus usuários muito rapidamente acostumaram-se a fórmulas que consagram e incentivam a economia de pensamento crítico. Tudo reduz-se ao “curtir”, onde a mecanização do gesto guarda em si a ignorância. Em muitos casos, se não na maioria das vezes, o botão é acionado sem que a pessoa tome de fato conhecimento do que se trata.

A preferência imagética é quase total e a fórmula aqui é uma foto e uma frase. A simplicidade rudimentar agrada, já que exige pouco, tanto de quem comunica quanto de quem é comunicado.  

Tanto imobilismo não entreterá por muito tempo a geração Touchscreen    

Afinal, nascerá em outro tempo e como vem sendo dito por vários especialistas: o Facebook vem se transformando em uma rede que concentra a chamada terceira idade virtual.



Uma das coisas mais interessantes que temos que estar atentos é o padrão de repetição e passividade que uma plataforma, dita de interação e compartilhamento acaba oferecendo. Hoje é muito mais usual a passividade ante ao exposto, quer na forma escrita quer na forma visual, do que posicionamentos críticos e assertivos.

É estarrecedor pensar que cada vez mais as pessoas escolham apenas uma opção: "curtir" para expressar 'tudo' o que pensam sobre um tema. E o pior, mesmo que elas queiram se colocar, pouco estão interessadas em saber aprofundadamente sobre. 

A previsibilidade e constância de conteúdos e ausência de inovações são também igualmente avassaladoras. O grande meio de compartilhamento não está criando, na mesma proporção, ideias criativas e inovadoras. Os grupos e as comunidades organizam-se de forma quase provinciana, no sentido de manutenção de pequenos nichos e interesses. Restringem-se ao miúdo e cotidiano de uma comunidade restrita e local.

O que de fato temos, ao invés de um grande potencial de variáveis, é a repetição de padrões e fórmulas. Em geral as pessoas cercam-se do que lhes é familiar e conhecido. E o mesmo se estende pelas formas de externar pensamentos e atitudes.

A cópia de ideias e até de conteúdos são constantes em blogs e em outros meios. É sempre muito raro encontrarmos conteúdos inéditos e de qualidade, fruto de uma reflexão pessoal de seu postulante. Fato que nos dá uma sensação e necessidade de perguntar: para onde é que vamos? Todo excesso é prenúncio de falta?

Espero que estejam dispostos a conversar mais sobre o tema. Que tal exercitarmos isso?

De fato penso muito em relação a esse excesso de informações rasas no qual estamos vivendo e se, de outro lado, não estaríamos às vésperas de uma grande falta. Isto é cíclico e está no desenvolvimento da história. Gerações que rompem estruturas, são fruto de uma geração em que quase nada ocorreu e vice-versa. Isso vale para movimentos na arte, literatura... e até no futebol!

O tema nos faz remeter ao que significou o desenvolvimento da internet, as novas formas de comunicação e proposição de relações. Foi de fato um período de romper barreiras, estruturas e formas de estar e pensar. Hoje, vejo o atual momento como de uma saturação sem fim: as pessoas, especialmente em redes como o Facebook, possuem um comportamento passivo e consumista. 



Passivo em se contentar com simplesmente "curtir" ou "compartilhar" sem verticalizar nada. Fica-se numa superfície horizontal onde "toda" a mensagem se resume a uma foto ou uma frase (pior é quando eles vêm sem autoria correta e em muitos casos uma reprodução infinita de Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu).
Consumista no sentido de seguir não sei quem e nem por que...

Espalha-se um rastro de seus gostos e desgostos a troco de ter seus dados "embalados" e oferecidos às agências de publicidade que não param de poluir sua página feita em azul para que você, de novo, curta isto ou aquilo. Preocupo-me com esta robotização de comportamentos e na incapacidade de ações críticas de acordo com seus posicionamentos frente ao dado ou estabelecido.

Se todo o potencial que a internet oferecia não for reinventado e as pessoas não voltarem a buscar formas inovadoras, teremos mais uma plataforma que cairá vítima de seu próprio veneno: o consumo pelo imediatamente novo. Não será para o melhor... simplesmente para o mais novo lançamento, sofrerá o descarte e substituição tal como um velho aparelho de TV de tubo.

Sim, o objetivo é irmos além de propriamente gostar de uma matéria interessante, mas é também verificarmos o quanto ela tem que ver com nossas opções, escolhas e repertório. Quanto de fato acrescenta àquilo que pensamos e acreditamos? 
A passividade não é desejada em espaço algum, mas em espaços ditos de compartilhamento e troca, fica ainda mais estranho.

O Facebook em verdade dita um padrão, acolhido por uma maioria que é de curtir/compartilhar, como ferramentas de facilidade. É mais fácil clicar num botão de gostei ou postar uma foto e uma frase do que de fato articular um raciocínio e falar sobre algo de forma a acrescentar ou se colocar.

A robotização aparece como um instrumento de massa para obter cifras e dados e não como forma de gerar crescimento intelectual ou de conteúdo.  



É óbvio que não estou aqui para questionar números. Contra tais não há argumentação. E talvez tenham sido alcançados exatamente por essa homogenização. Todos são tomados como meros algoritmos e que são computados a partir da robotização do “gostei”. A situação é tão interessante que em tempos passados até campanha para ter o botão não gostei, houve. Mas claro que isso confundiria o sentido de construção da base do Facebook e nunca foi adotado. E aí nos defrontamos com a situação absurda que é, por exemplo, a notícia da morte de alguém ou de uma catástrofe e que as pessoas sem pensar clicam “gostei”. Isso para mim mostra o ápice do que seja robotização sem critério ou crítica.
As pessoas simplesmente não param para pensar sobre isto.   

Buscar um olhar crítico envolve debruçar-se sobre. E em geral as pessoas julgam não ter "tempo" para isso. A cultura da imediaticidade e consumo leva as pessoas para longe de estar em contato consigo próprias. Basta andarmos pela rua e vermos cada um com seu celular, seu jogo, sua música nos ouvidos. As pessoas não buscam mais relacionar-se com outros, mas sim com seus gadgets. Já disse antes que a internet tem conseguido o paradoxo de aproximar quem está a centenas de milhas ou quilômetros e em geral separa os que dividem a mesma casa!

Esta robotização com ensimesmamento foi reforçada com as redes. E aqui há discussão para um post inteiro e que guardo para outra ocasião. 

Mas adianto que em cada período a humanidade está propensa a que determinados comportamentos se desenvolvam e se disseminem. Esta "robotização" é mundial e muito mais relacionada ao processo de midiatização e tecnologia em que estamos.

Há um narcisismo generalizado e uma busca por exposição que "leio" muito mais como uma insegurança e temor de estar consigo próprio do que a necessidade de relação com o outro.
Os silêncios da alma são fantasmas para alguns e a busca da "multidão" tem um pouco esse sentido de fuga.
A robotização combinada com a alienação parecem ser uma marca dos nossos tempos.

Para além disso tudo, acho que o padrão de repetição em formatos idênticos para todas as redes é o que mais me incomoda. De repente, Google+ e até LinkedIn repetem o mesmo padrão como forma de garantir que seus usuários continuem a usar suas respectivas plataformas.


Vejam, sou usuária e gosto muito de tecnologias, mas gosto de pessoas, silêncios e leituras, gosto da reflexão que ações e comportamentos têm, ou de uma boa ideia exposta num texto, ou até numa frase. Não precisamos nos isolar e nem viver no meio de tudo. Há o caminho do meio sempre!
Estar nele significa conseguir olhar de um lado e de outro e encontrar o caminho perfeito que há quando se tem equilíbrio e bom senso. 

O que discuto aqui é esta alienação consentida, onde o nivelamento horizontal alcança tais redes numa velocidade muito grande e onde verticalidade, profundidade e criatividade estão deixando muito a desejar.

Um dos precursores da realidade virtual e crítico da web 2.0, Jaron Lanier defende um caminho diferente para se utilizar a rede. Ele é defensor de uma internet aberta, mas não completamente gratuita. A questão levantada por Lanier é estrutural. O problema é que a rede, gradualmente, direciona e agrupa os usuários em blocos. As informações ‘sugeridas para o seu perfil’ escondem uma variedade enorme de outras possibilidades e, ao categorizar por ‘gostos’, tornam o usuário um produto bem definido para publicitários, por exemplo. Ou seja, no modelo atual, quem lucra mais são os sites de busca e as redes sociais, e quem sai perdendo são os criadores, que dependem dos direitos autorais para viver.

Segundo Lanier, a estrutura atual permite que exista uma ‘agência de espionagem privada’ que desvirtua o propósito inicial de permitir que cada usuário pudesse trocar seus bits com outros, como em um grande mercado, e tudo seria acessível a uma taxa razoável. Esse fluxo permitiria que a criação individual fosse devidamente remunerada e estimularia o trabalho intelectual. Nesse sentido, ele afirma que "precisamos de um design mais antropocêntrico ao invés de um focado em algoritmos". Jaron Lanier quer não apenas a liberdade de trocar informação mas a liberdade de pensar e de ser criativo em um modelo que, atualmente, anestesia, cada vez mais, os usuários.


Desde os seus primórdios o Facebook teve como característica coletar dados e a partir deles ter concentrada uma ampla base de dados. Longe de ter um viés que diria relacional, cultural, educacional rapidamente transformou-se num meio eficiente de fornecer dados para fins mercadológicos e de consumo. Ponto.

Sua facilidade rudimentar trazendo funções simples com botões de uma única opção deu à maioria das pessoas o que elas querem: entropia! É neste estado entrópico que as pessoas realizam ações robotizadas e em alguns casos até insensíveis (como por exemplo: filmar alguém morrendo, sendo espancado, etc...para a seguir lançar na rede em busca de reconhecimento por meio de likes).

Apesar de tudo, vejo que em verdade o Facebook acaba sendo um grande espelho de comportamento social e cultural. E eventualmente a plataforma serve apenas para refletir o que a nossa sociedade é em sua maioria: superficial, frívola, autocentrada e egocentrada.

Como historiadora, fico sempre imaginando o que pesquisadores daqui há alguns séculos dirão ou apreenderão quando olharem perfis de redes... que sociedade verão no espelho?





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Comentários

  1. Uma das coisas que me impressionam nas redes sociais é o fato de estarmos sendo avaliados por métricas. Esta é uma questão que pede cuidado, como a ação de avaliar traz em si um pouco de subjetividade... mesmo tendo critérios pré-definidos. A internet é feita de imagens também. As empresas de recrutamento e seleção filtram informações com base em perfis, interação, gostos, preferências ou curtidas (suas e de sua rede de contatos e amigos), analisando graus de influência social.
    Inscrições para eventos também tem 'cobrado' a interação e 'valorização', o mérito, a visibilidade social das pessoas via interação nas redes. Para participar do TEDx por exemplo, um evento com vagas limitadas,o cadastro para participação pede no questionário, dentre outras informações básicas: 'Cite endereços de redes sociais e sites que nos ajude a conhecê-lo melhor*' . esta é uma resposta com asterisco*, portanto, obrigatória para submissão do formulário de inscrição. Logo, terá peso de avaliação e filtro de quem irá para o evento. E então se não estiver em nenhuma rede o candidato a inscrito não irá? Sem chance?

    Conheço profissionais que coordenam equipes em diversos Estados e tem usado o whatssApp (agora também do Sr. Zuckerberg) , por exemplo, para a criação de grupos de comunicação corporativo, com bons resultados de comunicação e integração de equipes, e no máximo, têm um perfil aqui no Linkedin, com interação razoável, visto que não tem simplesmente tempo para nada, pois além do trabalho há o resto da vida para administrar.

    Voltando ao Facebook, a mídia diz que o Sr. MarkZ. tem buscado parcerias e investido milhões em startups (de educação, empresas de inteligência artificial, etc...) imagino que dentre outras metas, para que um dos seus braços empreendedores, o Face, não perca a credibilidade numa internet de tantas coisas diversas, na qual a fidelização é um desafio constante.

    Ótima reflexão, viu Professora Eliana. :) Obrigada por compartilhar conosco.
    Abraços. MR.

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    1. Ol@ Rúbia...
      Nunca foi proposta do Facebook trabalhar a ideia de Conhecimento.Devo dizer que em muitos casos mal trabalha a noção de Informação.
      Desde os seus primórdios o Facebook teve como caracteristica coletar dados e a partir deles ter concentrada uma ampla base de dados. Longe de ter um viés que diria relacional, cultural, educacional rapidamente transformou-se num meio eficiente de fornecer dados para fins mercadológicos e de consumo. Ponto.
      Sua facilidade rudimentar trazendo funções simples com botões de uma única opção deu à maioria das pessoas o que elas querem: entropia! É neste estado entrópico que as pessoas realizam ações robotizadas e em alguns casos até insensíveis (como por exemplo: filmar alguém morrendo, sendo espancado, etc...para a seguir lançar na rede em busca de reconhecimento por meio de likes).
      Como digo no post: " A experiência da rede tem se mostrado acomodada, acrítica, extremamente passiva e muitas vezes simplória. Seus usuários muito rapidamente acostumaram-se a fórmulas que consagram e incentivam a economia de pensamento crítico. Tudo reduz-se ao “curtir”, onde a mecanização do gesto guarda em si a ignorância".
      O que temos diante de tudo é uma constatação. Não há o que ser feito!
      Em relação a plataforma o ditado que melhor se aplica é "ame-a ou deixe-a"!
      Abs e grata pela interlocução

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  2. Uau! Seu texto é fantástico Eliana Rezende!
    Gostaria de chamar sua atenção para uma questão: Quanto tempo voce levou para escrever este texto? Não estou falando apenas do tempo de escrita mas sim de todo o tempo que voce levou lendo, escrevendo, discutindo e analisando outros tantos escritos, noticiários desde que "a Historia entrou em sua vida através da magia da leitura"? Seu texto condensa as milhares de horas do seu esforço pessoal de transformar fatos, ideias e acontecimentos em algo incrivelmente inteligível. ë isso: Seu texto é o seu esforço pessoal para tornar inteligível um mundo de fatos e acontecimentos tão dispares. Já fui otimista ao imaginar que a facilidade de acesso que a internet proporcionaria às pessoas fosse gerar uma explosão criativa e melhorar bastante a capacidade de entendimento delas ao que acontece ã sua volta. Nem bom, nem mau: A Sociedade é um Miguelito esperando esforços pessoais alheios para clicar em "curtir"...

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    1. Ol@ Eloy...
      Obrigadíssim@ por seu comentário que tomarei como elogio!
      Sim, vc tem razão: levou um bom tempo pensando, lendo, debatendo. Não tirei do vácuo esta reflexão!
      Além de tudo há uma boa dose de observação.
      Modero Grupos, lido com pessoas e observo o mundo em minha volta e a forma como as redes são ocupadas e faço as conexões.
      Infelizmente não acho que o mundo de redes seja muito diverso do mundo analógico. O que temos é sim uma ferramenta. Mas uma ferramenta não muda pessoas. São as pessoas que as fazem ser o que são e não o seu contrário.
      De qualquer forma, minha aposta é que conseguindo verbalizar minhas inquietações e po-las escritas consigo interlocutores e estes quem sabe, se tornam multiplicadores de ideias e mais questionamentos...
      O tempo dirá!
      Abs e muito grata pela interlocução. Tua leitura atenta e cuidadosa me indica que vale a pena as hs que dedico ao blog e a escrita!

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  3. Muito obrigada por verbalizar esse assunto usando palavras tão sábias... sinto uma inquietação tremenda ultimamente com esse assunto e você me ajudou a ordenar muito bem os meus pensamentos... Parabéns!

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    1. Ol@ Cindy...
      Eu que fico muito agradecida!
      Como disse acima ao Eloy te-los lendo e debatendo meus posts é um meio de incentivo para que eu prossiga pensando e escrevendo.
      Abs

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  4. Ótimo texto Eliane!
    Mas, como mudar esse comportamento narcisista-compulsivo-não reflexivo e tudo mais que as pessoas estão tendo a ponto de darem mais atenção aos seus smartphones do que aos seus próprios filhos.

    Abraços

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    1. Ol@ Carlos...
      É que estamos diante de uma transformação radical de hábitos, costumes. Ela é antes de tudo cultural. E tais mudanças não necessariamente são para melhor.
      Sobre o tema que vc fala sobre o uso de celulares, escrevi um post chamado "Escravos do celular?". No post menciono entre outras coisa que: "Em maior ou menor grau estamos atropelados e invadidos pelos meios de comunicação. A pergunta que fica é: será que com a aposentadoria do telefone com fio, todo o conjunto de boas maneiras também foi aposentado?".
      Te convido a ler, se desejar na íntegra neste link:
      http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/04/escravos-do-celular.html
      Abs e divirtam-se!

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  5. Oi Eliana:
    Parafraseando a Mafalda(Quino): "Se eu fosse a cultura, saltava do veiculo e ia a pé!".
    Acontece que estamos tão acostumados com a economia de gestos, e não somente a aprender os mais simples, que aprender novos (ou combinações entre eles) seria extenuante. Veja, depois que a Microsoft lançou uma interface que, através de ícones, qualquer usuário conseguiria formular comandos no computador e executar uma ou duas funções sem tropeçar nos próprios dedos o mundo mudou. E não, necessáriamente, para o melhor.
    O Facebook é um belo exemplo disto. A tecnologia somente se desenvolveu ladeira abaixo enquanto ia encosta arriba. Isto é, simplificou ao máximo sua interface com o humano enquanto complicava suas funções.
    O usuário Face não é, nem pior nem melhor, dos usuários das redes na internet em geral. Eles são mais evidentes apenas, sem chegar a ser "nerds" (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nerd) só isso. Outras redes sociais já passaram por isso também. Lembra do finado Orkut? Amanhã será o WhasApp, quem sabe?
    O excesso e facilidade de obtenção de informações ao invés de facilitar muitas coisas, criou o ambiente propício a entropia. A isso tudo, podemos adicionar o custo da tecnologia, que a cada três meses é modificada por novos lançamentos. Se prestarmos atenção, isto faz com que se vá perdendo um pouco da sua "importância". Transformamos rápido a imediaticidade em virtude.
    "Entramos num ambiente onde há uma aceleração da irrelevância. Soluções rápidas e relacionamentos efêmeros, curtir e compartilhar substituem, sem méritos nem julgamentos, o ser e estar. Encantados com o ambiente idealizado seguimos, como ratos à música, sem prestarmos mais atenção ao caminho", escrevi faz pouco, e se aplica como uma luva aqui.
    Em outros tempos; "O tempora! O mores!", diria Cícero...
    Gostei do seu texto... muito.
    Abs

    LionelC
    1521

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    1. Ol@ Lionel...olá Grupo...
      Fantástico teu acréscimo!
      Obrigada de verdade!
      Sim...entropia...esta é apalavra que fica para mim.
      As pessoas de fato foram se deixando tomar e neste estado de entropia simplesmente param de pensar sobre o que de fato estão fazendo ali.
      Exemplos temos aos borbotões. Veja por exemplo o caso de grandes catástrofes, acidentes e afins. Sempre tem um empunhando seu celular para a seguir compartilhar e ir à busca do maior número de likes possível. Uma busca às vezes insana de ter "reconhecimento"....
      Lembram-se do caso do menino que teve seu braço amputado pelo tigre no zoológico. Todo o episodio foi gravado. A pessoa ficou gravando em vez de fazer algo. Isso é um absurdo! E o pior: qdo veiculadas as imagens "estouram" o numero de visualizações de um site.
      Daí o que digo no post: " Tudo reduz-se ao “curtir”, onde a mecanização do gesto guarda em si a ignorância. A preferência imagética é quase total e a fórmula aqui é uma foto e uma frase. A simplicidade rudimentar agrada, já que exige pouco, tanto de quem comunica quanto de quem é comunicado...."
      Abs e muito grata pela interlocução sempre tão bem vind@!

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  6. " Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento e onde está o conhecimento que perdemos na informação?"
    T.S. Eliot

    " O Face virou um apelo de massas para que multidões incluam seus filhos e familiares como amigos, criando uma conversa familiar, e não uma rede social."
    Jake Katz, site YPULSE

    Segundo Jake, cerca de 18% dos teens americanos preferem "check in" no Foursquare, e 10% dizem que Pinterest é um site melhor para navegar. Números importantes e em crescimento.

    A hora do adeus do Facebook como rede social dominante está chegando.
    Jack London - Livro : Adeus, Facebook

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    1. Ol@ Denis...
      Ainda vivemos tempos de transição. Eu por exemplo, sou produto legítimo analógico do século passado (vim do mimeógrafo e máquina de escrever!). As gerações que me sucederam nem de longe passam por questões existenciais sobre tais meios e plataformas. São natodigitais. São aqueles que chamo de Geração Touchscreen (http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/06/geracao-touchscreen.html).
      Estes tempos que estamos exigirão adequação e flexibilidade sob pena de termos sim grandes perdas.
      Convido-os a ler os posts relacionados que listo no final do post. Acho que complementam este debate. Experimente!
      Abs

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  7. Excelente artigo. Trabalho na área de marketing, e faço uso das redes sociais para comunicar, por exemplo, artigos escrito por pessoas gabaritadas da empresa sobre assuntos que levam conhecimento, que busca o debate, e que podem apoiar as atividades dos colaboradores. Na maioria das vezes, os artigos não são lidos, e nem mesmo leva o " curtir". Os relatórios que mostram quais textos são mais lidos são assustadores, na verdade são fotos que nada tem a acrescentar.

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    1. Ol@ Jacy...
      Isto é mesmo uma tristeza sem fim!
      Ficamos de fato nos perguntando o que de fato interessa a estas pessoas?!
      Acho que aqui encontramos muito do que cito em um outro post meu sobre "Consumidores ou Coletores de Informação?". Acho que ele pode agregar muito a esta discussão. Veja o link:
      http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/01/consumidores-ou-coletores-de-informacao.html
      Abs e muito obrigada pelo comentário!

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  8. Eliana, texto muito bem articulado e desenhado. Atingiu o propósito. O pensar livre pensar, plagiando o Millor Fernandes, é o momento mais difícil quando alguém se depara com um texto, um comentário ou um pedido de ajuda. Via de regra, quando uma solicitação é simplória quase todos curtem ou opinam. Quando beira um pouco da investigação, o texto passa meses mofando nas prateleiras das redes sociais. O discutir, refletir e tomar posição, hoje em dia é um grande desafio. Curti!

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    1. Ol@ Carlos...
      Nada é 100% certo ou errado.
      Temos aqui no caso das redes uma questão de simpatias tbm!
      Veja, já disse isso várias vezes: Nunca tive Orkut. Entrei no Facebook o ano passado e consegui ficar lá só 4 dias!!! Simplesmente não aguentava o "lado B" das pessoas!!!! Rs,rs,rs,rs
      Prefiro meus amigos no tel ou no e-mail e até qdo possivel num encontro para café... Mas o Facebook para mim não dá!
      Recentemente e até como forma de dar alternativas às pessoas coloquei meu blog no Facebook (https://www.facebook.com/pensadosatinta) e tbm pus uma ágina do meu Grupo daqui do LinkedIn (https://www.facebook.com/debatessenciaisdegestaodainformacao). Tentei com isso dar a esta rede um outro sentido pra mim.
      Não creio que a rede fará algo por nós. Ela foi pensada, arquitetada para ser o que é. Ela simplificou funções na exata medida em que complicou algorítimos com vistas ao comércio e consumo. Simples assim! Ela não foi feita para fazer as pessoas pensar e refletir e muito menos para se relacionar! Quem acredita nisso está equivocado de verdade.
      Se estivermos com isso claro está tudo certo. Usaremos de consciência tomada, entende?
      Abs e obrigada pelo Debate

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  9. Parabéns pelo excelente texto, pena que muitas pessoas não chegariam nem na metade, por terem que "curtir" alguma publicação inútil. É desolador ver a sociedade emburrecendo, desaprendento a escrever, criando palavras sem sentido e abreviações que se distanciam até mesmo da língua portuguesa, sem contar que a privacidade foi esquecida e o que importa é a exposição da vida pessoal, gostos e opiniões que nada acrescentam, sem contar a necessidade de se lamentar como se fosse terapia em grupo.

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    1. Ol@ Regina...
      Sabe que enquanto revisa o texto pouco antes de publicar pensava exatamente isto. Vi que seria um teste de resistências aos facebookianos de plantão. Afinal quantos likes estariam deixando de dar em um monte de coisas que nem sabem o que é!
      È tão automático o comportamento de todos que nem clicam nos links onde há texto e apenas clicam gostei.
      Infelizmente estamos perdendo muitas coisas...
      De outro lado, às vezes me pergunto: será que não eramos de fato assim e a plataforma apenas escancarou isto? Lembra-me a história do ovo e da galinha, sabe? Quem veio primeiro?
      Abs e muito grata pela interlocução.

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  10. Parabéns pelo excelente artigo. É um alerta relevante que sintetiza todas as preocupações que rondam o uso indiscriminado das redes sociais. Temo que essa vulgarização reflita o próprio perfil da sociedade na qual vivemos. Em tempos de Lula dizia-se que a "esperança venceu o medo", hoje creio que a nova bandeira é "a vulgaridade venceu a relevância". Que a sua brilhante lucidez se conserve para sempre...

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    1. Ol@ Fernando...
      Optei falar do Facebook pq ela parece sintetizar o espírito de uma época e pq acabou ditando um padrão para outras redes, dentre as quais esta que nos encontramos.
      E aí é que temos o grande problema: a partir do momento que temos um padrão as pessoas conseguem compreender e transitar nesse ambiente conhecido. Daí que por exemplo, quando o LinkedIn permitiu que fosse anexada imagens o que foi que aconteceu? Uma facebookização do mural da página inicial! De repente ficou cheia de fotos e frases e as pessoas começaram a tentar reproduzir aqui aquilo que lhes é conhecido. O G+ não mudou muito tbm e tem reforçado o uso de imagens e videos para que seu número de usuários aumentem.
      Como quebrar isto tudo?
      Tentei apontar alguns caminhos...mas todos passam pelo autoconhecimento!
      Abs e muito grata pelo debate

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  11. O artigo me fez pensar numa realidade triste cuja cena cotidiana acontece sempre ao redor de uma tecnología mau aproveitada. Acredito que a tecnología no iníco foi criada como ferramenta de aprendizado, dada a rapidez de divulgação e a possibilidade de conexão com o mundo tudo. Ao invés disto, a sociedade foi virando mas preguisosa achando que tudo estava ao alcance de todos, mais fechada ( já não é neccesário nem falar, qualquer qualidade pessoal já aparece num perfil público),mais independente ( para que alimentar uma amizade se tenho 4000 amigos na red?). Quando foi que a sociedade permitiu `a tecnología acabar com a nossa essência? Onde ficaram as brincadeiras na rua, as conversas de horas de horas, as historias faladas, o contato humano?

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    Respostas
    1. Ol@ Diana...
      A tecnologia é apenas ferramenta, instrumento. Ela por si só não faz nada, não vai a lugar nenhum e nem tem "comportamentos". Temos sim pessoas por trás. Estas sim com motivações e modelos de ser e estar.
      Em verdade, creio que talvez todos sejamos assim, o que a tecnologia fez foi escancarar e alocar em um modus vivendi e ciberespaço todos juntos. Esta cabendo a tecnologia segmentar por preferências comuns todos.
      Em relação a este mundo de profusão de excessos de informações e afins e o que fazer com elas sugiro a leitura de dois posts:
      Um onde falo sobre a necessidade da figura do chamado curador de conteúdos, que tenta filtrar tudo o que anda por aí. O post chama-se "Curadoria de Conteúdos: O que é? Quem faz? Como faz?" cujo link é este: http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/04/curadoria-de-conteudos-o-que-e-quem-faz.html
      De outro lado e não menos importante é o que fazer com tanta informação?
      "Consumidores ou Coletores de Informação?" no link: http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/01/consumidores-ou-coletores-de-informacao.html
      Abs e muito grata pela interlocução

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  12. Eliana,
    ótimo texto!!!
    Estou de total acordo com as questões levantadas neste post, parece que eu esperava um debate sobre isso, pois vejo que a superficialidade das intenções, comentários e posts no facebook é gritante, tanto que quase não posto algo, pois percebo que se informo algo relevante e informativo ninguém parece notar e se falo sobre minha vida pessoal o interesse muda. Acredito que falta consistência nas postagens do facebook, mas enfim nem todos pensam assim.

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    1. Ol@ Fernando...
      Muiot gra@ de verdade pelo reconhecimento do trabalho de escrita!
      Encontrar argumentos, tecer um post que possa expressar ideias de forma que encontre leitores atentos é o que nos faz ver que o esforço tem compensações.
      Agradeço pela leitura atenta!
      Abs

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  13. Ol@ Dani...
    Muito obrigada!
    Espero ter colocado sementes de inquietações em todos!
    Abs

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  14. Eliana, achei seu texto fantástico. Até encaminhei aos professores da faculdade onde trabalho. É algo para se discutir em sala de aula, profundamente! Hoje vemos alunos tão conectados em sala de aula, mas quando abrem a boca ou precisam redigir um texto, o desastre é completo. Na verdade, até entristeço com essa geração "pseudo-ativa". Quando propomos algo inovador, envolvendo as novas tecnologias em prol do conhecimento e da informação, vejo alunos fazendo abaixo-assinados, abrindo processos, reclamando, injuriando... E quando mantemos o "mais do mesmo", vemos alunos plagiando, sem saber o que é plágio. Afinal, estão inseridos na cultura de massa da atualidade: curtir e compartilhar (sem nem checar a veracidade da fonte ou da informação). " E para quê checar? O importante é que curtir!", foi o que ouvi outro dia. Minha preocupação é saber que essa geração estará (ou já está) no mercado de trabalho. E o que se pode esperar, então? Copiar boas ideias; dizer que são suas ou de alguém que nem se sabe ao certo; curtir o que todos curtem... Isso, para eles, é inovar. É o senso comum dominando o senso crítico. Ou melhor, extinguindo o crítico. Porque o bacana, o legal, o cult é fazer igual a todo mundo. Ser do contra, ou argumentar algo diferente, é perigoso, pode gerar bullying, discriminação, exclusão. E as pessoas, hoje, não se arriscam a passar por isso numa rede social. Afinal, ali todo mundo é o que, realmente, não é! Essa é a questão. Mas poucos se dão conta disso.

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  15. Muito bom o texto, e pertinente ao que tange a formatação atual da Internet em seus alicerces consumistas.
    O emprego da palavra "imobilismo" é perfeito, descreve o atual estágio da rede. Me lembro de que ao concluir minha dissertação de mestrado, cujo tema foi centrado no Jornalismo Digital, eu citava o Twitter como uma das novidades que estava crescendo, e isto foi no final de 2008. Hoje, passados sete anos, o que há de novo? Nada, há época a grande rede social era o Orkut, veio a substituição pelo Facebook, uma ferramenta melhor estruturada para uso publicitário, ou seja, na prática, uma evolução piorada da mesma comunidade que usurpa o próprio sentido de comunidade em prol de um ideal meramente consumista.
    De lá pra cá não surgiu nada de novo na Internet em termos de assentamentos virtuais que favoreçam o diálogo que não seja a iniciativa de poucos privilegiados ou de pessoas que não são contempladas na busca do Google. A grande "evolução" está no gadget, na disseminação da rede através dos dispositivos móveis que, por suas características orgânicas, não favorecem esse tipo de assentamento a qual me refiro. O resultado disso não poderia mesmo ser muito diferente do que se lê nessa excelente crítica.

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  16. Bela percepção ! Sai do face justamente por esses motivos que relatastes e assim que decidi sair, me deparou com seu artigo. Penso que tomei a atitude mais correta. Obrigado !

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  17. Olá Eliana! Sou o Frederico estudante de Biblioteconomia
    Gostei muito do seu texto, você consegue espremer meus mais profundos pensamentos, sobre essa questão do Facebook, que como frequentador tenho reparado que os assuntos e as postagens procuram um interesse dos seguidores puramente para preencher uma lacuna do tempo, fiz contatos com muitas pessoas no Facebook, e sempre encontrava alguns post´s que me interessavam como acabei encontrando esse no LinkedIn, mas há um sentimento de limitação com o que realmente poderia curtir de verdade num relacionamento dentro do Facebook, e estou sem frequentar ele durante um tempo, e tento mais dialogar com as pessoas, mas estou descobrindo que é uma tarefa mais complexa, e não se resume puramente em curtir.
    Obrigado!

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    1. Ol@ Frederico...
      obrigad@ pela leitura!
      Tenho muitas restrições ao Facebook, e diria que sou uma crítica atroz dele e de toda a sua "ideologia". Nunca tive, e mantenho apenas a a página do Blog, mas me custa muito. Definitivamente não gosto.
      Tenho outros textos que aprofundo várias questões. Siga os posts relacionados.
      Abs e volte sempre. É um prazer!

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  18. Sem contestar nada do artigo, que me parece correto, apresento outra ótica. Não me parece que a humanidade procura algo diferente do curtir acritico, com a exceção de uma minoria.

    Qual a diferença do curtir e compartilhar em relacão à maledicência provinciana, ao assistir novela e ler revista sobre novelas, e outros tantos comportamentos massivos que se repetem na história?

    A novidade do facebook é que agora qualquer anencéfalo pode (e tem o direito) de se expressar na rede. Se em 1800 só uma minoria extremamente reduzida podia ter sua palavra reproduzida, e isso funcionava como filtro, agora qualquer um pode se expressar...

    Sou um fã da rede. Pude fazer um curso de paleografia, estudo latim e leio livros raros. Qualquer um pode estudar qualquer coisa e encontrar seus iguais onde quer que estejam. Mas poucos se interessam por qualquer coisa que pareça esforço e nem imaginam o prazer que o esforço ocasiona.

    Quando frequentei o colégio as ilustrações eram poucas. Agora as palavras se perdem no meio dos desenho. A imaginação do aluno não é estimulada. As provas são de múltipla escolha, sem margem para respostas criativas. As pessoas investem em festas principescas para seus filhos em vez de investir em formação. O Facebook só vem atender ao desejo de superficialidade e predisposição ao consumo. Não é o criador da mediocridade.

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