Os Historiadores e suas fontes em tempos de Web 2.0
Por: Eliana Rezende
Em geral, textos que abordam o ofício do historiador pretendem trazer em seu bojo aprofundamento de questões metodológicas ou mesmo de caminhos investigativos.
Devo confessar que não é meu intento!
A proposição aqui é muito mais expor uma inquietação provocativa e lançar aos futuros historiadores questões em relação ao seu trabalho e investigação com as fontes produzidas na contemporaneidade de princípios do século XXI.
É da minha lida com a preservação e conservação de fontes documentais para posterior consulta e produção de pesquisas que suportam investigações e caminhos que este ensaio nasceu.
Tais preocupações com acervos em diferentes instituições impõem a reflexão e aplicação de metodologias e procedimentos que garantam o acesso à informação contida em documentos sob os mais variados suportes para as gerações futuras.
O historiador lida com fontes: pequenos indícios deixados voluntária ou involuntariamente que atravessam épocas, transpõem espaços, vencem intempéries, descasos, o tempo e as muitas formas de deterioração intrínseca e extrínseca de seus suportes. Encontram diferentes usos, e em vários casos funções e pertencimentos que são próprios do fazer-se “prova” ou “testemunho”. Escrito por: Eliana Rezende, 2012
Artífices que tecem intrincados caminhos deixados por fontes prováveis e improváveis, os historiadores transformam-se em porta-vozes de um tempo... de uma trajetória feita por questões e investigações. Conexões são feitas e refeitas, caminhos investigativos desbravados à luz de diferentes métodos e matrizes teóricas. Em muitos casos, o caminho é árduo e construído a partir de hiatos, de não-ditos, de silêncios e omissões. Tece-se a construção de uma trama que circunda um objeto fazendo disso a História, nem certa,
nem errada, apenas por um ângulo ou prisma diverso.
Em todos os casos, tais registros da atividade humana em toda a sua complexidade são fixados em diferentes suportes e por toda a História encontraram suas formas de perenidade para mais adiante sofrerem o trabalho crítico de pesquisa e crivo.
Diante de tal complexidade laboriosa e detalhada que cada fonte solicita e da quantidade de suportes e de registros de que dispomos, oferece-se ao olhar pesquisador ampla gama de produtos que servirão como fonte de pesquisa e matéria-prima para a História.
Coetâneos em sua essência, nossa sociedade vive a construção de um novo paradigma sobre a forma como produz conteúdos e informação.
Tomo de empréstimo o sentido de coetâneo proposto por Duque (2011):
“[...] Coetâneo, aqui, abriga o significado do que é contemporâneo e ao mesmo tempo integrante de contexto de vanguarda social, política, econômica, técnica e científica [...].”
É o uso intensivo de tecnologias de informação e de comunicação que tem diferenciado nossa sociedade de princípios do século XXI e que, sem dúvida, imporá aos profissionais de diferentes áreas de conhecimento e, em especial, para o nosso caso as Ciências Humanas, o desafio de encarar escritas e trilhas que vão muito além do que se supôs até então.
Objetivo oferecer ao leitor alguns questionamentos sobre o universo de atuação profissional das Ciências Humanas em tempos de imediaticidade, produção em massa e, ao mesmo tempo obsolescência e transitoriedade de suportes. Inquietações de ofício partilhadas com pares: da quantidade que suplanta em muitos casos a capacidade de assimilação e registro, que inviabiliza reflexões posteriores de algo que não mais estará ali aguardando por séculos para ser analisado.
Esse é o mundo em tempos de Web 2.0, 3.0 e em vias de transformar-se numa versão 4.0.
A conversa e seus desdobramentos seguem em outros posts, que você pode conferir aqui:
...
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Tais preocupações com acervos em diferentes instituições impõem a reflexão e aplicação de metodologias e procedimentos que garantam o acesso à informação contida em documentos sob os mais variados suportes para as gerações futuras.
O historiador lida com fontes: pequenos indícios deixados voluntária ou involuntariamente que atravessam épocas, transpõem espaços, vencem intempéries, descasos, o tempo e as muitas formas de deterioração intrínseca e extrínseca de seus suportes. Encontram diferentes usos, e em vários casos funções e pertencimentos que são próprios do fazer-se “prova” ou “testemunho”. Escrito por: Eliana Rezende, 2012
Artífices que tecem intrincados caminhos deixados por fontes prováveis e improváveis, os historiadores transformam-se em porta-vozes de um tempo... de uma trajetória feita por questões e investigações. Conexões são feitas e refeitas, caminhos investigativos desbravados à luz de diferentes métodos e matrizes teóricas. Em muitos casos, o caminho é árduo e construído a partir de hiatos, de não-ditos, de silêncios e omissões. Tece-se a construção de uma trama que circunda um objeto fazendo disso a História, nem certa,
nem errada, apenas por um ângulo ou prisma diverso.
Em todos os casos, tais registros da atividade humana em toda a sua complexidade são fixados em diferentes suportes e por toda a História encontraram suas formas de perenidade para mais adiante sofrerem o trabalho crítico de pesquisa e crivo.
Diante de tal complexidade laboriosa e detalhada que cada fonte solicita e da quantidade de suportes e de registros de que dispomos, oferece-se ao olhar pesquisador ampla gama de produtos que servirão como fonte de pesquisa e matéria-prima para a História.
Coetâneos em sua essência, nossa sociedade vive a construção de um novo paradigma sobre a forma como produz conteúdos e informação.
Tomo de empréstimo o sentido de coetâneo proposto por Duque (2011):
“[...] Coetâneo, aqui, abriga o significado do que é contemporâneo e ao mesmo tempo integrante de contexto de vanguarda social, política, econômica, técnica e científica [...].”
É o uso intensivo de tecnologias de informação e de comunicação que tem diferenciado nossa sociedade de princípios do século XXI e que, sem dúvida, imporá aos profissionais de diferentes áreas de conhecimento e, em especial, para o nosso caso as Ciências Humanas, o desafio de encarar escritas e trilhas que vão muito além do que se supôs até então.
Objetivo oferecer ao leitor alguns questionamentos sobre o universo de atuação profissional das Ciências Humanas em tempos de imediaticidade, produção em massa e, ao mesmo tempo obsolescência e transitoriedade de suportes. Inquietações de ofício partilhadas com pares: da quantidade que suplanta em muitos casos a capacidade de assimilação e registro, que inviabiliza reflexões posteriores de algo que não mais estará ali aguardando por séculos para ser analisado.
Esse é o mundo em tempos de Web 2.0, 3.0 e em vias de transformar-se numa versão 4.0.
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Parabéns pela iniciativa e muito sucesso !
ResponderExcluirOlá Marco Antonio....
ResponderExcluirMuuuito obrigada pelos votos!
Te espero voltando e comentando sempre que der, ok?
Quero esse espaço cheio de boas conversas.
À propósito, já se inscreveu para seguir o Blog?
Assim vc não perde as postagens e me alivia da divulgação, rs,rs,rs, rs,
Abs
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirEliana realmente vc levantou uma questão de discussão mto pertinente para esse tempo q estamos vivendo! Fiquei curiosíssima para ler a continuidade do seu pensamento e a colaboração q os demais seguidores do seu blog irão ou já estão fazendo! Confesso q estou chegando agora, não li os "desdobramentos em outros posts", como vc disse q seria, por isso vou me conter e apenas parabenizá-la pela iniciativa de levantar essa questão! Obviamente, procurarei acompanhar a discussão! Abraços
ResponderExcluirOlá Clau...
ResponderExcluirQue ótimo que vc se sentiu instigada e ao mesmo tempo curiosa!
Os temas que procurarei abarcar nessas postagens dizem muito respeito ao oficio do historiador e os novos suportes em que memórias e vidas são registradas.
Aguarde que tenho certeza, valerá à pena!
Abs e fico te esperando
Ol@ Pessoal...
ResponderExcluirJá está pronta a Parte II desse artigo. É só clicar no final do texto.
Abs e bonissim@ leitura!