Escrita em carmin...até quando?
Por: Eliana Rezende
Todos os anos no mês de Março comemoramos o Dia Internacional da Mulher (08/03). Mais do que uma comemoração, temos sim um dia de reflexão: são histórias de vidas de mulheres pelo mundo, muitas vezes escritas com tintas em carmin.
E é com uma mitologia feminina colorida que inicio a leitura destas tintas.
Lakshmi, Sarasvati e Durga são deusas mitológicas femininas do hinduísmo. Veneradas e reconhecidas pela simbologia que trazem ao imaginário feminino indiano.
Todos os anos no mês de Março comemoramos o Dia Internacional da Mulher (08/03). Mais do que uma comemoração, temos sim um dia de reflexão: são histórias de vidas de mulheres pelo mundo, muitas vezes escritas com tintas em carmin.
E é com uma mitologia feminina colorida que inicio a leitura destas tintas.
Lakshmi, Sarasvati e Durga são deusas mitológicas femininas do hinduísmo. Veneradas e reconhecidas pela simbologia que trazem ao imaginário feminino indiano.
Lakshmi ou Laxmi é uma personificação do amor na forma feminina do hinduísmo, esposa do aspecto divino Vishnu, o sustentador do universo. É personificação da beleza, da fartura, da generosidade e principalmente da riqueza e da fortuna. Este aspecto divino é sempre invocado para amor, fartura, riqueza e poder. É o principal símbolo da potência feminina, sendo reconhecida por sua eterna juventude e formosura.
Sarasvati é a deusa hindu da sabedoria, das artes e da música e a shákti, que significa ao mesmo tempo poder e esposa, de Brahma, o criador do mundo.
É a protetora dos artesãos, pintores, músicos, atores, escritores e artistas em geral. Ela também protege aqueles que buscam conhecimento, os estudantes, os professores, e tudo relacionado à eloquência, sendo representada como uma mulher muito bela, de pele branca como o leite, e tocando sítara (um instrumento musical). Seus símbolos são um cisne e um lótus branco.
Durga, reencarnação de Satī (Devanagari: सती, o feminino de sat “verdade”) ou Dākshāyani é a deusa da felicidade conjugal e longevidade; ela é particularmente adorada pelas esposas, a fim de procurar prolongar a vida de seus maridos. Um dos aspectos de Devi, Dākshāyani é a primeira consorte de Shiva (o destruidor de mundos), em segundo lugar Parvati, a sua reencarnação.
Ela é também a deusa da beleza, a virtuosa, e ressurge com diferentes manifestações, na forma de outras deusas, daí ser chamada de deusa das mil faces. Tem muitos atributos e, desde a era védica, um dos principais é a fertilidade, a força que gera a procriação no mundo e nas espécies. É a própria geração da energia criadora, em sânscrito chamada de Shakti.
Tomando como mote esta representação mitológica, uma agencia de publicidade indiana decidiu mostrar o que a violência contra a mulher faria com tais deusas. Maquiagem foi usada para adicionar hematomas e feridas às modelos antes fotografá-las.
O resultado:
Eis a recriação da deusa Saraswati.
Esta é a recriação da deusa Durga.
A campanha adverte: "Só no ano passado, 244.270 crimes contra mulheres foram registrados na Índia."
E o Brasil?
Quanto se aproxima ou distância dessa campanha?O relatório do IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada) inicia seu relatório de 2013, referente ao período compreendido entre 2009 e 2011 com a seguinte afirmação:
"A expressão máxima de violência contra a mulher é o óbito"
Apesar de forte traz em seu bojo uma verdade contundente: a violência pode simplesmente extirpar o direito à vida. Mas essa expressão máxima ocorre uma única vez. E o que ocorre com todas aquelas pequenas, frequentes e intermináveis violências sofridas cotidianamente e que não constam em estatísticas, dados ou registros? Escrito por: Eliana Rezende - Curitiba, Março de 2014
E que só serão registradas quando encontram sua dita "expressão
máxima" e transformadas em feminicídios?
Como pensar que a morte e a violência sempre parte dos que
se chamam companheiros e que dividem talheres e lençóis? Ou que podem chegar na
forma biológica de alguém que deveria proteger, como ocorre com pais, irmãos,
tios ou demais parentes próximos?
Os índices dessa proximidade são assustadores: 40% dos
casos de feminicidio são cometidos por
companheiros íntimos, contra 6% de casos onde é a companheira a
assassinar. A violência nesse caso,
produzida por companheiro íntimo chega a ser mais de 6 vezes maior.
A taxa corrigida de feminicídios foi de 5,82 óbitos por grupos de 100.000
mulheres, no período 2009-2011.
De acordo com o relatório:
De acordo com o relatório:
- Estima-se que ocorreram, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia.
- Mulheres jovens foram as principais vítimas: 31% estavam na faixa etária de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos. Mais da metade dos óbitos (54%) foram de mulheres de 20 a 39 anos.
- 61% dos óbitos foram de mulheres negras, que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul.
- A maior parte das vítimas tinham baixa escolaridade, 48% daquelas com 15 ou mais anos de idade tinham até 8 anos de estudo.
- De acordo com os dados do documento, o Espirito Santo é o estado brasileiro com a maior taxa de feminicídios, 11,24 a cada 100 mil, seguido por Bahia (9,08) e Alagoas (8,84).
- A região com as piores taxas é o Nordeste, que apresentou 6,9 casos a cada 100 mil mulheres, no período analisado.
O feminicídio é o crime de homicídio (assassinato) praticado
contra a mulher por questão de gênero. Em sua avaliação os homens que
praticam esse crime demonstram “ódio e menosprezo” pela vítima e têm
“sentimento de propriedade sobre o corpo da mulher” - definição de texto de acordo com o Projeto de Lei do Senado que pode criar uma tipificação penal específica (PSL 292/2013).
Um levantamento feito pelas Nações Unidas em 139 países aponta que 2/3 deles possuem legislações para o enfrentamento da violência contra as mulheres, mas essas leis variam muito em termos de abrangência e rigor.
O estudo revela que, em abril de 2011, 125 países possuíam leis para coibir a violência doméstica – esse número inclui quase todos os países da América Latina e Caribe – e em 117 o assédio sexual no trabalho é considerado crime.
Dois terços dos países analisados pelo estudo da ONU têm leis contra violência doméstica, mas muitos ainda não classificam o estupro conjugal como um crime.
Leis sobre a
violência contra as mulheres no mundo
- A legislação sobre violência doméstica em Gana, Namíbia, África do Sul e Zimbábue inclui as formas emocional, verbal, psicológica e econômica.
- A prática do casamento forçado foi criminalizada na Noruega a partir de 2003 e no Reino Unido, em 2007.
- O artigo 341 do Código Criminal da Argélia criminalizou o assédio sexual.
- Nos EUA, o Título VIII “Proteção de Mulheres Imigrantes Vítimas de Agressão e Tráfico” da Lei sobre Violência Contra as Mulheres está em vigor desde 2005.
- No Camboja, a Lei contra o Tráfico de Pessoas para fins de Exploração Sexual foi aprovada em 2007.
- A República do Benin implementou em 2003 a Lei sobre Repressão à Prática de Mutilação Genital Feminina.
- Na Holanda, segundo as Diretrizes para Implementação da Lei de Estrangeiros, se uma garota está sob risco de mutilação genital, pode ser concedida residência permanente no país a ela e sua família.
Confira a Fonte e descubra mais dados: http://www.un.org/womenwatch/daw/egm/vaw_legislation_2008/Background%20Paper%20vaw%20legislation.pdf
Em 2012 as Nações Unidas classificaram a Lei nº 11.340/06
– a Lei Maria da Penha – como a terceira melhor lei do mundo no combate à
violência doméstica, perdendo apenas para Espanha e Chile.
Para entender o porquê, acesse na íntegra:
- a Ley Orgánica 1/2004,
de 28 de diciembre, Medidas de Protección Integral contra la Violencia
de Género em pdf (796 KB), ou no site do Governo da Espanha;
- a Ley n. 20.066, de Violencia Intrafamiliar, de
22/09/2005, no site da Biblioteca do Chile, no link.
O caso da legislação no Brasil
Lei nº 11.340, de 07/08/2006 (Lei Maria da Penha)
Aprovada por unanimidade pelo Congresso Nacional e assinada
em 7 de agosto de 2006 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei nº
11.340/2006 – popularmente conhecida como Lei Maria da Penha – tornou-se o principal
instrumento legal para coibir e punir a violência doméstica praticada contra
mulheres no Brasil.
Alguns números sobre
a violência contra as mulheres no mundo
Segundo a OMS, estudos internacionais mostraram que a
violência contra as mulheres é muito mais grave e generalizada do que se
suspeitava anteriormente. Após examinar uma série de estudos realizados em 35
países, em 1999 a OMS constatou que entre 10% e 52% das mulheres foram
agredidas fisicamente pelo parceiro em algum momento de suas vida, e entre 10%
e 30% havia sido também vítima de violência sexual por parte do parceiro
íntimo. Entre 10% e 27% das mulheres relataram terem sido abusadas sexualmente,
como crianças ou adultas.
Estudos sobre violência no namoro sugerem que isso afeta uma proporção substancial da população jovem.
A violência doméstica também tem sido associada com maiores
taxas de mortalidade neonatal e infantil e morbidade (por exemplo, diarreia,
desnutrição, doenças).
Acesse o 'Estudio multipaís de la OMS sobre
salúd de la mujer y violencia doméstica contra la mujer' (OMS, 2002) - aqui:
Segundo o IBGE as formas de agressão física por gênero no Brasil podem ser assim distribuídas:
O dado aqui é contundente: o maior índice de agressão contra
a mulher ocorre em casa, em 43% dos casos na Região Norte, 47% na Região
Nordeste e 40% na Região sudeste do
Brasil. Respectivamente os índices caem vertiginosamente para o gênero
masculino, ou seja: 11% na Região Norte, 12,9% na Região Nordeste e 10,9% na
Região Sudeste.
Aqui os índices são reveladores: o grau de violência aumenta contra a mulher na mesma proporção em que o nivel de relação com o agressor também cresce. O que reforça a compreensão de que a violência contra a mulher é sempre vinda pela mão de um agente conhecido ou próximo.
A sétima edição do Dossiê Mulher apresenta informações
consolidadas sobre a violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro, no
ano de 2011, com base nas ocorrências registradas nas delegacias fluminenses.
Do total de casos de estupro registrados no Rio de Janeiro em 2011, 70,9% aconteceram dentro de casa. Pelo menos, 53,5% das vítimas tinham idades entre dez e 14 anos e, destas, 24,1% tinham até nove anos de idade. Segundo o levantamento, 11,6% dos estupros aconteceram em vias públicas e 17,5% em outros locais; 50,2% das vítimas conheciam os acusados e a maioria 54,4% eram pardas ou pretas.
A cada uma hora e meia, uma pessoa é vítima de violência sexual no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto de Segurança Pública. Segundo o ISP, foram registrados pelo menos 3.453 casos de estupro em 2013. Escrito por: Eliana Rezende - Curitiba, 2014
A Sociedade e a percepção da violência
Uma pesquisa de opinião, realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão, revelou que a sociedade percebe e sofre tais índices. Em forma gráfica, veja de que forma:
Uma escrita em carmin:
De todos os dados, levantamentos, índices, o que temos é uma escrita em números feitas em tons carmin.
A violência doméstica ainda rouba existências, sonhos, direitos, dignidades... vidas.
Tingem de sangue ao mesmo tempo que apagam viveres, possibilidades.
Maculam laços e revelam que números não são suficientes para dar conta de projetos não realizados, de vidas não vividas. Não dão conta de mostrar que a violência pode também ocorrer por dias, anos, toda uma vida cotejada em carmin por constantes maus tratos, desrespeitos, assédios, silêncios e não ditos. Calam e intimidam suas vítimas pelo medo ou força.
Apesar de concentrar-me neste post na violência de âmbito doméstico, não posso deixar de registrar a violência miúda e cotidiana em mundos corporativos onde ser mulher é moeda desigual e tida como de menor valor. Sem dúvida pauta para um outro longo post...
Ah! E já ia esquecendo: ainda teremos o Dia do Índio, da Árvore, da Água, da Criança...
Conheça o site:
http://www.compromissoeatitude.org.br/home/pagina-inicial/A violência doméstica ainda rouba existências, sonhos, direitos, dignidades... vidas.
Tingem de sangue ao mesmo tempo que apagam viveres, possibilidades.
Maculam laços e revelam que números não são suficientes para dar conta de projetos não realizados, de vidas não vividas. Não dão conta de mostrar que a violência pode também ocorrer por dias, anos, toda uma vida cotejada em carmin por constantes maus tratos, desrespeitos, assédios, silêncios e não ditos. Calam e intimidam suas vítimas pelo medo ou força.
Apesar de concentrar-me neste post na violência de âmbito doméstico, não posso deixar de registrar a violência miúda e cotidiana em mundos corporativos onde ser mulher é moeda desigual e tida como de menor valor. Sem dúvida pauta para um outro longo post...
Ah! E já ia esquecendo: ainda teremos o Dia do Índio, da Árvore, da Água, da Criança...
Conheça o site:
Confira mais dados sobre a violência contra mulher e sua percepção pela sociedade aqui:
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Maravilhoso! Dados importantíssimos e que nos faz refletir ! Parabéns e um maravilhoso Dia da Mulher com muitas alegrias ! Grande abraço afetuoso!
ResponderExcluirOl@ Cassinha...
ExcluirMuitas tintas para falar de um tom: o carmin.
Espero que propiciem reflexão e que sejam como um grito para que não sejam estas as tintas a escrever histórias femininas.
Abs
Gostei do seu post no blog e, depois ve(le)ndo um pouco mais de longe, consegui perceber o fluxo contínuo das informações (de Deusas a vítimas passando por estatísticas e Leis mundiais, haja embasamento!) Parabéns.
ResponderExcluirAcho que vou parar de ler jornais e passar a ler você.
Não se esqueça do Dia da Árvore, da Criança, do Idoso, do Índio, da Água e tantos outros dias que comemoramos nem sei bem porque.
Abs
LionelC
1521
Ol@ Lionel...
ExcluirMuitíssimo grata pela leitura atenta e acurada!
Algumas coisas são como a tessitura de um bordado: vamos colocando ponto por ponto, dado por dado, tom sobre tom até que ao final temos um belo rendando.
Não inventei nada! Apenas cavei um puco de um lado e de outro.
Se vais começar a me ler é bom eu cuidar para que não haja monotonia.
Sigamos às tuas sugestões!
Abs e de novo...obrigada
O Ser Mulher ainda é visto como fragilidade e talvez por isso para amofina-las é o uso da violência da mais cotidiana a mais brutal, engodo tal fragilidade, seu post caminha das Deusas, heroínas às fragilizadas vítimas. Um paralelo extremamente forte. Parabéns amiga a todos os nossos dias.
ResponderExcluirAbraço
Ol@ Maira
ExcluirRepito a frase célebre de Simone Beauvoir: "Não se nasce mulher, torna-se mulher.”
Ser mulher é de fato um grande e longo aprendizado cultural que envolve ela própria e o seu entorno. Tem sido uma história de muita opressão, dificuldades e lutas. Mas seguimos tentando e muitas criativa e fartamente!
Abs e muito grata por tua interlocução
Grande Eliana - Amiga Mestre e Referência.
ResponderExcluirPor seu intermédio, quero desejar a todas as Mulheres do Brasil um Dia Feliz, de Reconhecimentos, de Respeito, de Amor, e de muita Reflexão.
Que pena que diante de tantos dados e notícias desabonadoras deste país, de seus gestores e autoridades, voces Mulheres ainda sigam ostentando números e pseudo ou malditos recordes de maus tratos, desrespeitos, violências, agressões, que muito nos envergonham como homens, cidadãos, companheiros e "patriotas".
Um beijo respeitoso em todas voces, queridas Mulheres.
Rui Natal
Ol@ Rui...
ExcluirE em nome de cada uma delas recebo tua homenagem e afeto.
A todos os que tingem de carmin essas histórias de vida deixamos nosso repúdio e desprezo. Não trouxeram nada e ao contrário: levaram embora! Mancharam suas mãos e levam pela eternidade essa nódoa...ninguém sentirá sua falta!
Abs e muito grata pela homenagem
Muito bom, infelizmente a cultura secular trata a mulher como im ser inferior... Quem sabe com o aprimoramento da população atravez da educação altere essa forma primitiva de pensar.... Paeafraseando voce "Que cada vez mais existam escritas de outras cores para as mulheres do Brasil e do mundo"
ResponderExcluirOl@ Gabrielle...
ExcluirLutamos para isso sim! Que nossas netas, bisnetas e suas gerações encontrem um mundo feito por outros tons!
Já vivemos em tempos muito melhores do que nossas ancestrais...mas ainda falta muuuuito.
Assim, sigamos lutando!
Abs e continue a aparecer!
Eliana, excelente e sólido texto! De fato, há que se comemorar este dia. Mas, infelizmente, ainda é data para lembrar, como você faz no artigo, o quanto temos de caminhar. Fica-me uma certeza: a tenacidade das pessoas de bem - não importa o gênero - dará continuidade a esta longa trilha.
ResponderExcluirOl@ Reinaldo...
ExcluirMuito obrigad@!
Disse no Grupo no LinkedIn a vc que até considerei que o texto acabou ficando maçudo: mas absolutamente necessário.
Vc discordou dizendo que era assim que deveria ser, pois continha informações relevantes. E eu concordo!
Precisava que fosse como um estridente grito. Não queria que fosse uma "comemoração"...queria que fosse um post de conscientização.
E que depois de tudo ficasse ecoando na mente de quem o lesse.
Espero ter conseguido um pouco disso!
Abs e muito obrigada por tua interlocução. As portas do Pensados a Tinta estão sempre abertas
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirMulher
ResponderExcluirMulher tem atitude.
Tem reação ligeira.
Mulher tem seu jeito.
Não é musa passageira.
Mulher que no deserto,
Cria miragem com bagaceira.
Levanta os vestígios.
Constrói todos os sentidos.
Produz os argumentos.
Doa o seu coração.
Gera ignição.
Mulher dos direcionamentos.
Mulher possui o tema.
Possui todo o esquema.
Mulher possui o rastro.
Possui o homem em centena.
Mulher é da verdade.
É coragem da humanidade.
Levanta os vestígios.
Constrói todos os sentidos.
Produz os argumentos.
Doa o seu coração.
Gera ignição.
Mulher dos direcionamentos.
Mulher que põe a rima.
Que canta a sua voz.
Mulher que deixa tudo acima.
Eleva ou destrói.
Mulher que movimenta a alma.
Transcende e ensina.
Levanta os vestígios.
Constrói todos os sentidos.
Produz os argumentos.
Doa o seu coração.
Gera ignição.
Mulher dos direcionamentos.
Autora: Leomária Mendes Sobrinho
Comendadora Municipal de Salvador
01/03/2014
Olá, Eliana!
ResponderExcluirA visão das lindas divindades indianas profanadas por marcas bem típicas da violência doméstica não carece de palavras para dizer tudo. E disse.
Por outro lado, o levantamento de dados e números também não deixa dúvida sobre o que ocorre nos lares, locais preferidos para o exercício da agressão. E finalmente, no trabalho, local em que a dignidade do ofício deveria nos igualar a todos, o panorama não é diferente. A diferença de salários pagos a homens e mulheres pelo exercício de mesmas funções é o maior indicador da desigualdade. Isto, sem entrarmos no campo do assédio sexual e moral, terreno em que o trabalho nos põe de frente pro crime. A pergunta é: até quando?
Penso eu que isto será assim até as mulheres se instrumentalizarem com armas competentes para resolver cada caso, e todas elas passam pelo poder: poder de criar leis eficazes e poder coercitivo para a punição dos infratores; poder dizer sim e poder dizer não em casa, no trabalho, na rua e onde quer que seja necessário manifestar a sua vontade; poder estudar, ilustrar-se, e afirmar-se como portadora de direitos inalienáveis, porque deste emanam todos os outros poderes necessários a esta luta.
Infelizmente, muitas ainda não acordaram. Por isto experimentamos a maior dicotomia universal: somos maioria, em números. Mas somos minoria quanto ao exercício de direitos.
Olá Zul...
ExcluirEm primeiro lugar sej@ bem vinda a esse espaço de trocas, de ideias...de debates!
De fato, a medida que fui pesquisando fui ficando cada vez mais estarrecida com os dados. E o pior: o quanto tias informações deixam de circular na profundidade devida.
É muito importante que todas as mulheres saibam exatamente qual é o seu lugar de cidadãs e profissionais e os exerçam em plenitude.
Os silêncio também são formas de manipulação e é preciso que eles sejam cada vez mais estreitados e deixem de fazer suas vítimas.
Como disse no post, ainda me concentrarei em outras formas de violências: essas mais sutis e que ocorrem em outras esferas.
Debate necessário com certeza.
Abs
Eliana, Boa Noite !
ResponderExcluirPrimeiramente quero cumprimentá-la pela sua grande propriedade em usar as palavras. E também por partilhar conosco seu conhecimento e sua sensibilidade.
O Dia Internacional da Mulher precisa ser um dia de constantes lutas para mudar o modo de verem as mulheres reconhecendo seus devidos valores, como seres humanos fortes, que lutam por serem ouvidas, quando muitas vezes parecem que são seres invisíveis e descartáveis.Aguardo com muita esperança que a tinta carmim que escreve muitas histórias seja usada por elas como maquiagem só para enaltecer sua beleza de mulher !
Um grande abraço,
Graziella B.Zóboli
Olá Graziella...
ExcluirMuito obrigad@
Considero a escrita uma forma poderosa de imprimir em tinta ideais que possam ecoar.
Fazer circular tais estatísticas é também um meio de tentar diminuí-las.
Por mim não teria um mundo cindido em gênero. Bastaria que tivéssemos apenas o Humano. E como tal digno de todo o respeito, sem violências, discriminações.
Sim Graziella, também queria muito carmin apenas na face!
Abs e volte sempre!
Olá Eliana:
ResponderExcluirParabéns pelo seu texto repleto de dados sobre a violência contra a mulher no Brasil e alguns outros países.
A menção que você faz sobre as divindades e o ensaio fotográfico das modelos caracterizadas pelas Deusas mostram como até elas devem estar machucadas por tanta violência.
Que a tinta carmim possa desaparecer junto com as agressões e somente ser apreciada pela sua bela cor.
Grande beijo!!!!
Sergio Dias (SADIA)
Ol@ Sérgio...
ExcluirQue bom te-lo entre nós!
As Deusas o agradecem pela gentil deferência: o carmin cai-nos melhor na face com certeza!
Gostei muito da forma como a agência de propaganda trabalho a campanha seguindo o imaginário religioso dos indianos e sua grande contradição: um povo que prega a não violência e que maltrata e desrespeita tanto o feminino entre eles. O que são os estupros que eles cometem?! E tantas outras formas de violência...
Mas como tentei mostrar nem o Brasil e enm o mundo estão isentos disso. Que pena!
Tanta tecnologia e inovação para um comportamento tão embrutecido?!
Abs meu amigo e a "casa" está sempre aberta! Volte que sempre tem papo bom...
excelente pesqusa.
ResponderExcluirOlá Rodrigo...
ExcluirÉ o mínimo que devemos àqueles que nos destinam seu tempo de leitura.
Precisam saber que escrevemos de forma séria e respeitamos o leitor como alguém que merece o melhor que possamos oferecer em termos de informação e conteúdo.
Abs e no "vemos" em outros posts. ok?
Eliana, excelente artigo! Ao ler seu belo texto, lá no dia 8/3, logo pensei nas reflexões vida/morte/violência, no vocábulo - humanidade - em nguni-bantu: “ubuntu” e a ideia de que todos somos partes iguais de um todo. A violência contra um é contra todos! A máxima Zulu “umuntu ngumuntu ngabantu” (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas), no contexto africano, nos diz que o não compartilhamento do princípio do Ubuntu -no decorrer de nossas vidas- é a negação do outro e de nós mesmos. Sua reflexão também nos leva a não perder de vista que toda essa violência disseminada, capilarizada e não apenas a dirigida contra as mulheres, mas a qualquer ser humano (como outros comentaristas tb lembraram) é a “banalização do mal” como diria Hannah Arendt. Eliana, parabéns e aguardamos outros tantos textos como este! Abs, Cristina.
ResponderExcluirOl@ Cristina...
ExcluirMuito grata por tão belo comentário.
De fato, a maior violência é a praticada contra o outro. E o outro não tem gênero!
O respeito ao semelhante é o que nos deveria aproximar do que o humano teria de melhor. Infelizmente nem sempre é assim.
Também eu espero poder continuar a trazer temas que instiguem e que movimentem as pessoas na direção da reflexão, seja ela pessoal, profissional ou intelectual.
Abs e volte sempre... será um prazer!
Só pude ler agora, querida Eliana: muito enriquecedor e profundo!! ... Meu tempo está dividido para muitas tarefas, mas, como gosto de trabalhar, vivo feliz. Nessas circunstâncias porém, tenho momentos para algumas amigas que lutam com dificuldades de saúde e ou necessidades. Só posso fazer isso... Deus a abençoe e a todos!!
ResponderExcluirOl@ Teruko...
ExcluirNão importa o tempo transcorrido. Importa a atenção e o carinho dispensado.
Abs e sempre tire bom proveito!
Até a próxima visita
Estava lendo um outro post e me via voltando a este teu. Apesar de já ter alúm tempo de publicado, e talves por isso mesmo, achei conveniente voltar sobre ele. Não esquecer como "festa que passou".
ResponderExcluirTemos aqui, e compartiho juntando-o a este teu post, uma visão de outro; do Sr. Lima Barreto, nada mais nada menos. Veja esta belissima análise:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/mais-feminista-que-as-feministas
Onde expõe algumas das ideias do Lima Barreto sobre o feminismo de sua época.
Divirta-se Eliana.
Abs
LionelC
1521
Ol@ Lionel...
ExcluirMuito grata pela excelente contribuição!
Abs
Só hoje li este post, e ele casa bem com o momento atual. Ninguém se atreve a duvidar que a violência contra pessoas mais frágeis (idosos, mulheres) ou os inocentes e amorais animais deva ser coibida, mas agora que se fala em proibir o espancamento de crianças, não faltam adultos a considerar a "lei da palmada" como absurda. Mergulhamos em terreno pantanoso, no qual se misturam o direito individual de educar os filhos como quiser e as atitudes agressivas de alguns jovens. Bater nas crianças, na cultura brasileira, é algo considerado por milhares de pessoas como normal, aceitável e até desejável. Já clamam que os jovens que batem nos pais é porque não apanharam na infância, e há pessoas que apanharam e alegam que foram os espancamentos que fizeram delas seres humanos melhores. E agora? Como se encaixa na lei essa cultura de violência que não é violência, porque é tipificada como educação?
ResponderExcluirOl@ Ignez...
ExcluirO tema que levanta é muito interessante, mas acho que para o responder um comentário é muito pouco.
Prometo um post sobre o tema, ok?
Abs