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Mostrando postagens de junho, 2014

A arquitetura do medo e a vigilância consentida

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Por: Eliana Rezende As cidades são o seu entorno e, se arriscarmos uma arqueologia do lugar, veremos de forma muito acentuada exclusão e sua rede de excluídos. Os espaços antes construídos para o convívio social como as praças e mesmo as ruas hoje são, em especial nas grandes metrópoles e megalópoles, onde o medo transita e a barbárie se instala. Para alem disso, as constantes demolições, construções e reconstruções mostram uma cidade autofágica, que perde sua identidade cada vez que um novo edifício surge encima dos entulhos. Camadas e camadas de viveres e fazeres são abandonados e simplesmente substituídos, tal qual nas construções aztecas.  Em alguns casos, tais sobreposições representam o domínio de uma forma ou modus vivendi substituir, suprimir ou subjugar outra. Novas apropriações e reconfigurações marcam um novo tempo ou função. Implosões, demolições, ocupações, dão nova configuração a antigas formas de ocupação espacial.   A sociedade atual tem um foco vol

História Oral: o que é? para que serve? como se faz?

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Por: Eliana Rezende A questão sobre o que vem a ser História Oral, como pode ser utilizada pelas instituições e de que forma deve ser realizada é um tema que interessa a diferentes áreas. Neste artigo, procurarei tecer considerações acerca de sua utilização, metodologias, aproximações e diferenças entre as áreas. A História Oral é amplamente utilizada pelas Ciências Humanas, e é caracterizada pela coleta de depoimentos com pessoas que testemunharam conjunturas, processos, acontecimentos, modos de ser e de estar dentro de uma sociedade ou instituição. Ela pode estar dividida em três gêneros distintos: a tradição oral, a história de vida e a história temática. Explicando cada uma delas: A Tradição Oral caracteriza-se pelo testemunho transmitido oralmente de uma geração para outra. Por meio da História Oral e suas metodologias pode-se resgatar tradições rurais e urbanas como cantigas de roda, brincadeiras e histórias infantis. A História Oral não pode ser confundida com Hi

Alfabeto de Corpos

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Por: Eliana Rezende Tenho uma especial admiração pelo movimento dos corpos. Fico sempre encantada de ver um espetáculo de dança, por exemplo, onde uma história inteira é contada sem uma única palavra... apenas os corpos em movimento, acompanhados por sons que os fazem vibrar. Deixo-os com um aperitivo de como uma história inteira pode sair de um alfabeto proposto. Em um primeiro momento gostaria que vissem os bailarinos Tiffany Heft y Eric Hoisington. São imagens feitas debaixo da água e estão no livro "Body Type an Intimate Alphabet", dos fotográfos Howard Schatz e Beverly Ornstein. A música é de Jon Hopkins, "Private Universe" Usem a imaginação! Juntem as letras, formem palavras e escrevam seu parágrafo com coreografia e não caligrafia! Que escrita obteve? Que história é capaz de contar? __________________ Posts relacionados:  Palavras vincadas

Inteligência em Inteligência Artificial?

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Por: Eliana Rezende Acho "natural" esse movimento tecnológico e seus usos e aplicações, e parece ser uma tendência esperada e buscada, até pela  ficção .  Isso nos leva a várias e grandes discussões em torno da ficção científica e da Inteligência Artificial. Se formos remeter-nos no tempo,  a Segunda Guerra Mundial foi um grande marco, pois foi a partir desta que houve o desenvolvimento de tecnologias com vistas à indústria. É nos anos 1960 que o desenvolvimento de conceitos que pretendiam imitar as redes neurais humanas ganha o termo “inteligência artificial” por parte de pesquisadores da linha biológica, que viam a possibilidade de que máquinas pudessem realizar as tarefas mais complexas humanas, tais como o pensar. E é seguramente nos anos de 1980/90 que a sedimentação e discussão destes temas se dão em diferentes áreas. Como forma de acrescentar elementos à nossa discussão sugiro que assistam o vídeo a seguir. Ray Kurzweil é considerado um dos maior

Geração Touchscreen

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Por: Eliana Rezende Sons, telas, toques, luzes, imagens, palavras. Um mundo feito de estímulos, desterritorializado e fracionado em ações e reações. Os deslocamentos cada vez mais significam trafegar por redes, espaços e tempos muito mais do que com os corpos, que presos em meios de transporte estão sempre mais aprisionados do que as mentes, as retinas, a audição. As narrativas e formas de comunicação, cada vez mais cifradas, ganham na economia silábica sua expressão máxima. As imagens tentam substituir todo um conjunto de ideias que antes precisavam da grafia de um alfabeto inteiro. Com isto temos em formação uma geração que, pela primeira vez, consegue ter cindidos corpo e mente. As relações desterritorializam-se, e tempo e espaço ganham uma outra dimensão: glocalizam-se! (Isso mesmo, glocalizam-se, neologismo para designar local e global ao mesmo tempo, onde território físico não significa.) Ante à avalanche de conteúdos, informações e estímulos encontramos cada vez mai

Afinal, quem você pensa que é?

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Por: Eliana Rezende Em tempos de egos tão inflados as pessoas parecem se esquecer qual o espaço que, de fato, ocupam no universo. Talvez seja uma boa ideia parar... pensar... redimensionar! Proponho um pequeno exercício de reflexão com apoio de alguma pirotecnia visual.  Confira a animação aqui: A animação parece tão simples; afinal é só olhar nosso tamanho no universo. Ela faz por nós algo que é muito caro à arquitetura e engenharia, põe numa perspectiva e escala adequada o que somos em qualquer lugar que estejamos e qual é o nosso ínfimo lugar nesse macrocosmo infinito. Do ponto de vista de uma animação a hierarquia facilita o redimensionamento de tudo. As dificuldades começam a surgir quando saímos dela e olhamos ao nosso redor, o nosso mundo real. Se formos ao mundo corporativo poderemos constatar então, que a arrogância e prepotência de determinados cargos criam opacidade na forma e nos valores como cada um se vê e olha o outro. É mesmo um longo aprendiza