Inteligência em Inteligência Artificial?
Por: Eliana Rezende
Acho "natural" esse movimento tecnológico e seus usos e aplicações, e parece ser uma tendência esperada e buscada, até pela ficção.
Isso nos leva a várias e grandes discussões em torno da ficção científica e da Inteligência Artificial.
Se formos remeter-nos no tempo, a Segunda Guerra Mundial foi um grande marco, pois foi a partir desta que houve o desenvolvimento de tecnologias com vistas à indústria.
É nos anos 1960 que o desenvolvimento de conceitos que pretendiam imitar as redes neurais humanas ganha o termo “inteligência artificial” por parte de pesquisadores da linha biológica, que viam a possibilidade de que máquinas pudessem realizar as tarefas mais complexas humanas, tais como o pensar.
E é seguramente nos anos de 1980/90 que a sedimentação e discussão destes temas se dão em diferentes áreas.
Como forma de acrescentar elementos à nossa discussão sugiro que assistam o vídeo a seguir.
Ray Kurzweil é considerado um dos maiores inventores do nosso tempo. Pioneiro nos campos de reconhecimento ótico de caracteres, síntese de voz, reconhecimento de fala. Ele fala sobre inteligência artificial, tecnologia e o futuro do homem.
E de novo, penso em um exemplo muito concreto e que já existe em nosso mundo contemporâneo. Recentemente lia sobre a customização de publicidade utilizando perfis individuais.
É o caso das vitrines inteligentes.
Os manequins inteligentes são resultado do trabalho conjunto entre a empresa Kee Square, ligada à Universidade de Milão, e a empresa italiana de venda de manequins Almax.
Biodegradáveis, possuem uma câmara na cabeça onde as reações dos que olham pela vitrine são captadas e posteriormente analisadas por um programa de computador.
As imagens e análises tomam em conta idade, sexo, etnia e pontos de interesse do cliente ao apreciar a roupa. Este reconhecimento facial é posteriormente utilizado como estratégia de mercado e consumo.
Puristas consideram isso uma invasão de privacidade.
No entanto, já não é o que temos com mecanismos hoje existentes no Facebook, Google e outros motores de pesquisa e busca? Quantas vezes abrimos nossos e-mail e nos deparamos com ofertas diversas que envolvem os temas das nossas últimas mensagens?
Seus defensores todavia, argumentam que a tecnologia é a mesma usada amplamente em locais públicos como aeroportos, rodoviárias, shopping centers. A diferença é que nesses casos seus fins são de segurança. E que no caso das vitrines inteligentes há apenas um outro fim, que é o comercial. Afirmam também que tais câmaras não enviam informações sensíveis ou que mostram detalhes dos rostos dos indivíduos.
Mas com certeza é um tema aliciante e que nos desperta curiosidade e questões, em especial pelos que são de outras áreas.
O que me inquieta é que toda esta possibilidade tecnológica de fluxos de dados, informações e tecnologia de ponta não tem conseguido algo muito mais simples que é o de fazer os homens lidarem com suas emoções mais básicas e primitivas: o amor, ódio, sentido e necessidade de poder, inveja, além de todos os artifícios empregados para manter tais situações como a opressão, os assassinatos em massa...a guerra...
Ou seja, toda essa capacidade inventiva de Inteligência artificial poderia ser capaz de levar os homens a outro patamar: mais autoconscientes, perspicazes e com maior capacidade de verticalização em todas as coisas. No entanto, o que temos assistido é uma capacidade humana inversamente proporcional ao que é oferecido tecnologicamente falando. Os humanos em geral não compõem uma massa crítica pensante na maior parte das vezes. São meros consumidores acríticos de tudo o que está disponível.
Queria de verdade que a tecnologia fosse acompanhada por um movimento consistente em direção a ser uma inteligência mais humana como um todo...
Referências:
Saiba mais
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Isso nos leva a várias e grandes discussões em torno da ficção científica e da Inteligência Artificial.
Se formos remeter-nos no tempo, a Segunda Guerra Mundial foi um grande marco, pois foi a partir desta que houve o desenvolvimento de tecnologias com vistas à indústria.
É nos anos 1960 que o desenvolvimento de conceitos que pretendiam imitar as redes neurais humanas ganha o termo “inteligência artificial” por parte de pesquisadores da linha biológica, que viam a possibilidade de que máquinas pudessem realizar as tarefas mais complexas humanas, tais como o pensar.
E é seguramente nos anos de 1980/90 que a sedimentação e discussão destes temas se dão em diferentes áreas.
Como forma de acrescentar elementos à nossa discussão sugiro que assistam o vídeo a seguir.
Ray Kurzweil é considerado um dos maiores inventores do nosso tempo. Pioneiro nos campos de reconhecimento ótico de caracteres, síntese de voz, reconhecimento de fala. Ele fala sobre inteligência artificial, tecnologia e o futuro do homem.
Basta lembrarmos do filme "Minority Report" de 2002, onde se leva ao
extremo esta forma de reconhecimento para a busca de situações de pré-crime. Todos devem se lembrar do enredo, onde o reconhecimento do personagem por sua íris e a
publicidade completamente customizada a partir de características individuais, era o centro da discussão trazida pelo filme.
O interesse movimenta humores e ficção, e datam desse período os filmes do pioneiro Isaac Asimov (O Homem Bicentenário, Eu Robô) até o inesquecível “Inteligência Artificial”, dirigido por Steven Spielberg, ou a animação "Wall-E" de Andrew Stanton.
Se desse lado a ficção é romanceada e doce o mesmo não ocorre com outros filmes ficcionais onde a Inteligência Artificial é tratada como um grande e sério problema para humanidade e sua perenidade, além de tornarem-se opressoras e subjugadoras dos humanos. São exemplos neste caso: "2001: Uma Odisséia no Espaço", dirigido por Stanley Kubrick, "Matrix", de Andy e Larry Wachowski, e "Exterminador do Futuro", dirigido por James Cameron.
O interesse movimenta humores e ficção, e datam desse período os filmes do pioneiro Isaac Asimov (O Homem Bicentenário, Eu Robô) até o inesquecível “Inteligência Artificial”, dirigido por Steven Spielberg, ou a animação "Wall-E" de Andrew Stanton.
Se desse lado a ficção é romanceada e doce o mesmo não ocorre com outros filmes ficcionais onde a Inteligência Artificial é tratada como um grande e sério problema para humanidade e sua perenidade, além de tornarem-se opressoras e subjugadoras dos humanos. São exemplos neste caso: "2001: Uma Odisséia no Espaço", dirigido por Stanley Kubrick, "Matrix", de Andy e Larry Wachowski, e "Exterminador do Futuro", dirigido por James Cameron.
Se acrescentarmos a tais inteligências artificiais, características humanas como raiva, medo, autopreservação amor, inveja, entre outras emoções, é só uma questão de tempo para que sejam considerados opressores. As três leis da robótica serão suficientes para os conter? E se o homem bicentenário um dia for uma realidade? O que faremos? Como iremos lidar com algo que pode ser uma nova forma de vida inteligente?
Em geral argumenta-se que tais inteligências são projetadas devido a limitação humana em várias áreas, especialmente quando envolvem grandes volumes de dados, ou necessidade de força. Mas e se pudéssemos aumentar nossa capacidade intelectual ou física das próximas gerações, ainda haveria necessidade destes?
Em geral argumenta-se que tais inteligências são projetadas devido a limitação humana em várias áreas, especialmente quando envolvem grandes volumes de dados, ou necessidade de força. Mas e se pudéssemos aumentar nossa capacidade intelectual ou física das próximas gerações, ainda haveria necessidade destes?
E de novo, penso em um exemplo muito concreto e que já existe em nosso mundo contemporâneo. Recentemente lia sobre a customização de publicidade utilizando perfis individuais.
É o caso das vitrines inteligentes.
Os manequins inteligentes são resultado do trabalho conjunto entre a empresa Kee Square, ligada à Universidade de Milão, e a empresa italiana de venda de manequins Almax.
Biodegradáveis, possuem uma câmara na cabeça onde as reações dos que olham pela vitrine são captadas e posteriormente analisadas por um programa de computador.
As imagens e análises tomam em conta idade, sexo, etnia e pontos de interesse do cliente ao apreciar a roupa. Este reconhecimento facial é posteriormente utilizado como estratégia de mercado e consumo.
Puristas consideram isso uma invasão de privacidade.
No entanto, já não é o que temos com mecanismos hoje existentes no Facebook, Google e outros motores de pesquisa e busca? Quantas vezes abrimos nossos e-mail e nos deparamos com ofertas diversas que envolvem os temas das nossas últimas mensagens?
Programa utilizado para a Vitrine Inteligente |
Mas com certeza é um tema aliciante e que nos desperta curiosidade e questões, em especial pelos que são de outras áreas.
O que me inquieta é que toda esta possibilidade tecnológica de fluxos de dados, informações e tecnologia de ponta não tem conseguido algo muito mais simples que é o de fazer os homens lidarem com suas emoções mais básicas e primitivas: o amor, ódio, sentido e necessidade de poder, inveja, além de todos os artifícios empregados para manter tais situações como a opressão, os assassinatos em massa...a guerra...
Ou seja, toda essa capacidade inventiva de Inteligência artificial poderia ser capaz de levar os homens a outro patamar: mais autoconscientes, perspicazes e com maior capacidade de verticalização em todas as coisas. No entanto, o que temos assistido é uma capacidade humana inversamente proporcional ao que é oferecido tecnologicamente falando. Os humanos em geral não compõem uma massa crítica pensante na maior parte das vezes. São meros consumidores acríticos de tudo o que está disponível.
Queria de verdade que a tecnologia fosse acompanhada por um movimento consistente em direção a ser uma inteligência mais humana como um todo...
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Publicado originalmente no Blog Pensados a Tinta
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Interessante! Suponho que a quantidade de informação necessária para desenvolvimento de nossa inteligencia vem sendo substituída pela música alta ouvidas nos fones, pelas orelhas dos nossos jovens. Entorpece e distrai a memória dos incautos. De tal forma que se eu me estendesse demais aqui acabaria por entrar no campo de domínio virtual das mentes, coisa que apenas "curandeiros e/ou espiritas" dizer ser capazes de lograr.
ResponderExcluirVale o tema.
Para se ter inteligência mais humana, há de se investir em valores essencialmente sensíveis e humanos.
ResponderExcluirE não é isso que vem sendo apregoado nos meios de comunicação.
As pessoas estão, cada vez mais robotizadas, e mais distantes do "olho no olho", que faz toda a diferença.
É uma pena !!!